segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Soneto

Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-me, novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta,la me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei por quê.


Luis de Camões

Nenhum comentário:

Postar um comentário